Mostrando postagens com marcador átomo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador átomo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Como sabemos o que é realidade?



Muitos de meus leitores poderão dizer que que essa é uma das perguntas mais fáceis de responder, pois ao final realidade é tudo o que existe. Essa resposta parece bastante convincente, não? Só que não é. Há vários problemas com essa resposta. O que dizer dos dinossauros, que não existem mais? e das estrelas, tão distantes que quando sua luz finalmente chega até nós e conseguimos vê-las podem já ter se extinguido?, o que falar dos elétrons que nunca foram observados diretamente?. Mas, afinal, como sabemos que as coisas existem mesmo no presente? como sabemos que algo é real? 

Para começar, nossos cinco sentidos fazem um excelente trabalho para  nos convencer de que muitas coisas são reais: pedras, computador, grama, chuva, sal, chocolate, etc. Mas, dizemos que algo é “real” apenas quando podemos detectá-lo diretamente com nossos cinco sentidos?

E quanto uma galáxia, tão distante que não pode ser vista a olho nu? E uma bactéria tão pequena que só pode ser vista com um microscópio? Devemos dizer que as coisas não existem porque não as enxergamos? Não. É claro que a ciência nos permite intensificar nossos sentidos com instrumentos especiais como telescópios para as galáxias  e microscópios para as bactérias. Mas, alguém poderia argumentar, então esses instrumentos nos permitem ver esses objetos e assim sabemos que existem, e quanto as ondas de rádio?

Como podemos afirmar que as ondas de rádio existem?, se todos sabemos que nossos olhos não podem vê-las e nossos ouvidos não podem escutá-las. Mas, felizmente neste caso também a ciência possibilitou construir aparelhos como rádio e televisão que convertem essas ondas em sons e imagens que podemos ver e ouvir. Radiotelescópios e telescópios de raios x nos mostram estrelas e galáxias distantes em outras frequencia que seria impossível enxergar usando apenas nossos olhos ou telescópios ópticos.
Mas, e quanto aos dinossauros que não existem mais como podemos dizer que eles são reais? que eles um dia andaram pela superfície da Terra? ao final, nunca vimos nem ouvimos  e muito menos corremos de medo de algum. Neste caso, mais uma vez a ciência nos possibilita o estudo dos fósseis que são visíveis a olho nu. Fósseis não correm nem pulam, mas sabemos como eles se formam e graças a isso podemos dizer algo sobre o que aconteceu a milhões de anos.
Por último, há um recurso menos conhecido, que nos cientistas usamos quando nossos sentidos não conseguem decidir o que é real. Eles criam um modelo do que poderia estar acontecendo e depois é submetido esse modelo a testes rigorosos. Este modelo poder ser de vários tipos como: uma maquete, uma modelagem matemática, uma simulação computacional, logo examinamos atentamente o modelo e assim pode-se predizer o que teríamos ver ou ouvir se o modelo fosse correto. Depois, averiguamos se as predições estão certas ou erradas. 
Se estiverem certas isto aumenta nossa confiança de que esse modelo representa a realidade, caso contrário, o modelo será modificado, se tentará controlar mais variaveis e submeter a teste novamente, se as predições se continuarem erradas, o modelo é rejeitado. Assim que funciona a nossa ciência, fique atento e não se deixe enganar sobre o que realmente existe no universo e sobre o que é produto da imaginação!

Adaptado do livro "A magia da realidade" de Richard Dawkins


segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

ÁTOMOS QUE NÃO VOLTAM MAIS

Infográfico que ilustra de forma didática a localização do cinturão de Van Allen. Imagens fora de escala. Créditos: Internet

A camada mais externa da atmosfera é a exosfera, que se inicia a 480 km da superfície. Nessa altitude o ar é tão rarefeito que é raro seus átomos colidirem entre si como fazem centenas de milhões de vezes nas densidades existentes na superfície. Ao invés, seguem trajetórias balísticas, quais projeteis de artilharia, encurvando-se para cima e depois para baixo. Alguns deles orbitam ao redor da Terra e são verdadeiros satélites. Os mais rápidos, que receberam violentos impulsos de energia em consequências de colisões com outros, alcançam a velocidade de escape. Projetam-se da atmosfera para o espaço e jamais retornam para á Terra.
A maioria desses desertores são átomos de hidrogênio separados de moléculas de água pela fotodissociação. São em pequeno número. Cerca de meio quilo de átomos de hidrogênio escapam da Terra a cada segundo, cifra insignificante a escala geológica do tempo; a quase totalidade é de prótons, ou núcleos de átomos de hidrogênio, emitidos pelo sol.

A exosfera se exaure gradualmente, com seus átomos sempre escapando. Acima da base da exosfera estão os cinturões de Van Allen, anéis de prótons e elétrons em espiral, emitidos pelo sol e aprisionados pelo campo magnético terrestre. Foram descobertos pelos primeiros satélites artificiais e são considerados um perigo para vôos espaciais tripulados a certa altitude. Esses cinturões e o campo magnético da Terra se estendem até 64 000 km de altura; nessa região, as partículas carregadas do sol superam o débil campo magnético da Terra distante. É a magnetopausa, a última fronteira entre a Terra e o espaço interplanetário. 

Texto adaptado do Livro "Os Planetas" de Carl Sagan, 1968