segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

ÁTOMOS QUE NÃO VOLTAM MAIS

Infográfico que ilustra de forma didática a localização do cinturão de Van Allen. Imagens fora de escala. Créditos: Internet

A camada mais externa da atmosfera é a exosfera, que se inicia a 480 km da superfície. Nessa altitude o ar é tão rarefeito que é raro seus átomos colidirem entre si como fazem centenas de milhões de vezes nas densidades existentes na superfície. Ao invés, seguem trajetórias balísticas, quais projeteis de artilharia, encurvando-se para cima e depois para baixo. Alguns deles orbitam ao redor da Terra e são verdadeiros satélites. Os mais rápidos, que receberam violentos impulsos de energia em consequências de colisões com outros, alcançam a velocidade de escape. Projetam-se da atmosfera para o espaço e jamais retornam para á Terra.
A maioria desses desertores são átomos de hidrogênio separados de moléculas de água pela fotodissociação. São em pequeno número. Cerca de meio quilo de átomos de hidrogênio escapam da Terra a cada segundo, cifra insignificante a escala geológica do tempo; a quase totalidade é de prótons, ou núcleos de átomos de hidrogênio, emitidos pelo sol.

A exosfera se exaure gradualmente, com seus átomos sempre escapando. Acima da base da exosfera estão os cinturões de Van Allen, anéis de prótons e elétrons em espiral, emitidos pelo sol e aprisionados pelo campo magnético terrestre. Foram descobertos pelos primeiros satélites artificiais e são considerados um perigo para vôos espaciais tripulados a certa altitude. Esses cinturões e o campo magnético da Terra se estendem até 64 000 km de altura; nessa região, as partículas carregadas do sol superam o débil campo magnético da Terra distante. É a magnetopausa, a última fronteira entre a Terra e o espaço interplanetário. 

Texto adaptado do Livro "Os Planetas" de Carl Sagan, 1968

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