sábado, 25 de outubro de 2014

Como surgiram as moléculas precursoras da vida?

A experiência de Stanley Miller. O aparelho é preenchido com uma atmosfera de metano, amônia e hidrogênio. Um balão de água simula um oceano primitivo (a água é aquecida por uma resistência, o que contribui para o enriquecimento da atmosfera com o vapor de água). Dois elétrodos, que são usados para produzir relâmpagos, fornecer energia ao sistema.
Nós seres humanos, parecemos bem diferentes de uma árvore. Sem dúvida, percebemos o mundo de uma maneira bem diferente de um vegetal. Mas no fundo, no íntimo molecular da vida, as árvores e nós somos essencialmente idênticos. Ambos utilizamos ácidos nucléicos na hereditariedade, bem como proteínas e enzimas para controlar a química de nossas células e mais importante ainda, ambos utilizamos precisamente o mesmo livro de código para transformar a informação do ácido nucléico em informação de proteína, como o fazem virtualmente todas as outras criaturas no planeta Terra.

A explicação comum desta unidade molecular é que somos todos — árvores e pessoas, o peixe diabo-marinho, o limo vegetal e os paramécios — descendentes de um único e comum instante da origem da vida no início da história em nosso planeta. Como surgiram então as moléculas importantes na Terra? Será que elas podem surgir facilmente em outros lugares do universo?

Carl Sagan Trabalhou arduamente no laboratório da Universidade de Cornell com a finalidade de responder estas perguntas. Ele e sua equipe uniram e separam os gases da Terra primitiva: hidrogênio, água, amônia, metano, sulfeto de hidrogênio, todos presentes, casualmente, no planeta Júpiter hoje e pelo Cosmos. As faíscas eletricas produzidas pelos elétrodos correspondem aos raios, também presentes na Terra antiga e no atual Júpiter.

A reação no recipiente é, de início, transparente: os gases precursores são inteiramente invisíveis, mas após dez minutos de faiscagem vemos um estranho pigmento marrom lentamente riscando os lados do recipiente. O interior gradualmente se torna opaco, coberto por um alcatrão marrom e escuro.

Se tivéssemos utilizando a luz ultravioleta — simulando o Sol inicial — os resultados teriam sido quase que os mesmos. O alcatrão é uma coleção extremamente rica de moléculas orgânicas complexas, incluindo as partes componentes de proteínas e ácidos nucléicos. A essência da vida parece poder ser facilmente montada.

Estas experiências foram feitas pela primeira vez no início dos anos 50 por Stanley Miller, então um aluno graduado do químico Harold Urey. Urey argumentava com insistência que a atmosfera inicial da Terra era rica em hidrogênio, como é na maior parte do Cosmos — que o hidrogênio tem escapado para o espaço proveniente da Terra, mas não do massivo Júpiter, e que a origem da vida se deu antes da perda do hidrogênio.

 Após Urey ter sugerido que estes gases escaparam, alguém perguntou a ele o que esperava obter da experiência. Urey replicou: "Beilstein". Beilstein é um maciço compêndio alemão de 28 volumes, listando todas as moléculas orgânicas conhecidas pelos químicos.


Utilizando somente os gases mais abundantes presentes no início da atmosfera da Terra e quase que qualquer fonte energética que rompa cadeias químicas, podemos produzir os blocos essenciais de construção da vida. Ate agora nenhum cientista misturou num laboratório alguns gases e viu algum tipo de ser vivo sair caminhando do laboratório, mas pelo menos sabemos que é provável dos blocos básicos da construção da vira aparecer pelo universo.

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